A Noruega é atualmente vista como uma potência no que diz respeito à produção de música pesada e muita dessa fama está, logicamente, associada à popularidade e polémica que a segunda vaga do black metal gerou no início da década 90. No entanto, a verdade é que, antes e depois, já se fazia música na Escandinávia e, entre florestas densas e fjords gelados, os nórdicos sempre revelaram uma apetência muito especial para a experimentação. À semelhança dos suecos, os noruegueses nunca se furtaram a adotar abordagens menos ortodoxas, mantendo imutada uma identidade muito forte, que sempre os destacou – e continua a destacar – da competição. Mais conhecidos como a banda de apoio a Ihsahn, os LEPROUS são, sem dúvida, um nome a juntar à crescente lista de propostas desafiantes oriundas da Noruega. Os cinco músicos já têm uma carreira de mais de uma década em nome próprio e, entre 2009 e 2012, assinaram três álbuns que revelaram ao mundo uma das mais interessantes e corajosas visões do prog surgidas no Séc. XXI. «The Congregation», o ansiosamente aguardado sucessor do muitíssimo aplaudido «Coal», está prestes a ser editado e serve de mote ao regresso do coletivo a Portugal no dia 8 de Outubro, para uma data única no RCA Club, em Lisboa, na companhia dos Rendezvous Point.
Com treze anos de experiência, os LEPROUS são uma proposta única porque conseguem, ao mesmo tempo, satisfazer todas as necessidades dos fanáticos mais exigentes do rock progressivo e ter ganchos intocáveis na sua música, que prendem a atenção dos ouvintes menos dados a complicações técnicas. Para cada referência aos Pain Of Salvation ou King Crimson há uma piscadela de olho à estranheza jazzística dos conterrâneos Shining, ao talento semi-alucinado de Devin Townsend ou até à melancolia cerebral de uns Opeth. Sem soar como nenhum dos nomes mencionados, o projeto hoje formado por Tor Oddmund Suhrke (guitarra/voz), Einar Solberg (teclados/voz), Øystein Landsverk (guitarra/voz), Baard Kolstad (bateria) e Martin Skrebergen (baixo) protagoniza uma fusão bem equilibrada de sons diversos, que se traduz em temas que têm tanto de envolvente como de intrigante… O que, bem vistas as coisas, é tudo menos tarefa fácil no contexto específico do prog. De forma surpreendentemente, o jovem quinteto faz com que pareça fácil inovar e sai do outro lado da aventura incólume e vitorioso.
A ilustração de Jeff Jordan – nome associado aos The Mars Volta, outro grupo apostado em alargar as fronteiras do progressivo – na capa de «Bilateral», segundo álbum dos LEPROUS, exclama “prog rock!” em todo o esplendor. A música, no entanto, é muito mais que “só” isso, desafiando as pedras basilares da tendência e, pelo caminho, redefinindo, junto dos devotos e de quem os ficou a observar de uma distância segura, o que significava ser rock e metal progressivo no Séc. XXI. Nada interessados em ficar sentados à sombra do seu sucesso, «Coal», de 2012, adotou uma postura mais obscura e da novidade «The Congregation» só se pode esperar o inesperado. Apesar da juventude dos seus elementos – entre os 20 e os 26 anos, o que só lhes dá uma margem de progressão ainda mais vasta –, os LEPROUS são hoje o resultado de mais de uma década a refinar uma identidade própria e a acumular a experiência que lhes permite lutarem pelo seu lugar de destaque no espectro do metal/rock progressivo.
Os bilhetes para o concerto custam 15€, à venda nos locais habituais. Reservas: Ticketline (1820 – https://www.ticketline.sapo.pt/). Em Espanha: Break Point.